SE NÃO DIGO, NÃO FALE POR MIM.
O olhar alheio calcula o meu juízo,
enquadra o meu estilo,
supõe o que não vive em mim.
Enquanto isso, componho na surdina
as minhas próprias canções,
que às vezes são de fado
e quase sempre de samba de roda,
entre passos de dança, palmas e libertação.
Nesse ritmo em que me recrio
ainda mais me blindo a qualquer imposição.
E se a minha boca, porventura, cala,
ouça bem o meu silêncio,
pois a minha alma fala
na linguagem de outra dimensão.