Foto por Michel Fortin: “Nanci Anne em Cascadas de Água Azul (Chiapas – México)”
RENASCIMENTO
Em vidas e mortes contínuas
meu conteúdo incorpóreo vai renascendo.
Das rupturas e dos acolhimentos.
Para morrer tenho que ter sido.
Para viver tenho que um dia deixar de ser.
Para estar nem sempre posso ser.
Para ser tenho que aceitar a transitoriedade de estar.
O que ignoro me domina.
O que foco me consome.
O que abomino me compõe.
O que almejo ainda não tenho.
E na testagem a que me submeto
vou trocando a pele,
composta só pela derme
onde pulsam meus veios sensoriais.
O novo em mim está engendrado no descarte,
no mutualismo do que elegi e rejeitei.
Envelhecido,
o contemporâneo vira passado
para embasar o que virá,
repetindo-se em mais um ciclo, e mais um, e mais um e…