DESERTO
Por que essa secura,
Terra Árida,
mesmo sem o sol para te ressecar?
Por que não vinga o teu verde,
Terra Devastada,
absorvendo alguma generosidade para se irrigar?
Por que não deixa a tua essência brotar,
Terra Sem o Sal,
e tua própria florada aprende a admirar?
Por que me tornar terra arrasada?
Por que te incomoda o meu cantar?
Por que o meu riso te perturba
e a minha luz não clareia o teu olhar?
Por que,
Terra Seca,
minha raiz quer arrancar?
E as sementes de encanto que te oferto
em teu solo não conseguem germinar?
Tua alma é infértil e o teu território é o nada.
Em um piscar abandono a tua estrada.
Não se iluda com o meu pequeno porte.
No íntimo,
sou árvore gigante e secular da Amazônia,
que desafia o corte.