QUANDO O POEMA É QUASE UM GRITO
Há tanto da vida que não sei lidar.
Observo, tolero, me exaspero
com a intromissão do outro
que está sempre a espreitar.
Há tantas reentrâncias perturbadoras
nas relações humanas que me dão cansaço…
Faço-me de aço para suportar!
Se se aproxima, dependendo gosto,
mas também me irrito.
Me distancio e depois,
num lampejo quase heroico,
tento ou deixo se reaproximar.
Não há nada material que possa
essa sensação sem nome escoar.
Meu movimento de porco-espinho
vira quase um rito.
Então, escrevo como um grito
sem de mim sentir pena.
Espremo, sem clemência,
palavras revoltas num poema.