O MORTO LIVRE
Viveu tolhendo a liberdade alheia. Criticava feministas, desprezava lutas antirracistas, abominava homossexuais, fiscalizando diuturnamente a vida social, sexual e política dos outros. Quando a ciência produziu vacinas em tempo recorde para frear uma pandemia viral, que varreu milhares de vidas, tornou-se o cidadão militante da causa libertária. Exerceu fervorosamente o seu direito de não se vacinar. Pouco tempo depois, em sua lápide cintilava: “Aqui jaz um morto livre!”