DESPEDIDA
Despedir-se é dar adeus a uma parte de si.
É amando ainda a presença,
deixar partir.
É alimentar-se da constância da ausência.
Emoldurar cacos de vivências,
irrelevantes, na memória.
Mantendo, em desespero,
a força contínua de uma história.
É aquecer-se solitário no frio.
É deixar voar,
entulhando com retalhos de afetos
o ninho vazio.
É disparar-se numa via em sentido contrário.
Despedida é a nobreza calada do amor libertário.